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Transporte é parte da solução para um futuro sustentável, afirma CNT em seminário internacional
Durante evento no Rio de Janeiro, Entidade destacou o papel do setor na descarbonização da economia e na promoção de empregos dignos
O transporte tem papel decisivo na transição para uma economia de baixo carbono e na geração de empregos dignos. Essa foi a principal mensagem do gerente executivo de Relações Trabalhistas e Sindicais da CNT, Frederico Toledo Melo, durante o Seminário Internacional sobre Sustentabilidade e Transporte Público, promovido pela Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes nessa quarta-feira (15), no Rio de Janeiro (RJ).
Frederico destacou que o transporte deve ser visto não apenas como parte do problema das emissões, mas também como elemento central da solução. “O setor que move o Brasil pode e deve mover também a transformação para uma economia sustentável, com crescimento, inclusão e trabalho decente”, afirmou.
Nos últimos meses, a CNT, por meio da Coalizão para a Descarbonização dos Transportes, vem liderando um movimento inédito que reúne mais de 50 entidades públicas e privadas em torno de uma agenda unificada de descarbonização. Segundo o gerente, a iniciativa “não é apenas um discurso, mas também uma estratégia concreta”.
O grupo identificou mais de 90 medidas de redução de emissões, que envolvem desde o fortalecimento de modais menos poluentes – como ferrovias e hidrovias – até a eletrificação de frotas, o avanço no uso de biocombustíveis e o incentivo a soluções tecnológicas voltadas à eficiência logística. Estudos da Coalizão indicam que essas ações concentram cerca de 60% do potencial de descarbonização do transporte brasileiro.
Ao abordar a transição justa, Frederico ressaltou que “nenhuma transformação será efetiva se não considerar os trabalhadores”. Ele lembrou que o país enfrenta uma escassez de motoristas qualificados, com 44% das empresas de transporte relatando dificuldade para preencher vagas. “O cenário é global. Segundo a IRU (União Internacional de Transportes Rodoviários), faltam 3,6 milhões de profissionais no mundo”, apontou.
No setor aquaviário, o Brasil precisará formar cerca de 500 marítimos por ano, até 2030. Já na aviação, estima-se a demanda por 1,3 milhão de novos profissionais na próxima década. No transporte ferroviário, quase metade das empresas relata dificuldade em contratar mão de obra especializada.
Nesse contexto, o gerente destacou o papel do SEST SENAT (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) na formação e requalificação de trabalhadores, com cursos voltados às novas tecnologias, à eficiência e à segurança. “Esta é a essência da transição justa: garantir que ninguém fique para trás”, enfatizou.
Frederico também ressaltou a importância do diálogo social como pilar para a sustentabilidade do setor. Segundo ele, o Brasil é referência nesse tema, e a CNT integra a Comissão Tripartite Paritária Permanente, prevista na Convenção 144 da OIT (Organização Internacional do Trabalho). “Metade das Normas Regulamentadoras já foi revisada com consenso entre governo, empregadores e trabalhadores. Esse modelo mostra que é possível equilibrar proteção e produtividade, sustentabilidade e competitividade”, afirmou.
Entre os avanços recentes, ele citou o Anexo III da NR-9, que regula a exposição ao calor – tema que ganha nova importância diante das mudanças climáticas –, além das revisões das normas portuárias e aquaviárias, que reforçam segurança e eficiência. “O futuro depende do diálogo. Capital e trabalho não são opostos, mas, sim, são complementares”, concluiu.
Frederico encerrou destacando que o transporte sustentável será o eixo de um Brasil mais justo e competitivo, capaz de gerar riqueza, reduzir desigualdades e preservar o planeta. “A COP30 será a vitrine do Brasil para o mundo. O transporte move o Brasil e, se for sustentável, moverá também o planeta”, finalizou.
Por Agência CNT Transporte Atual