O transporte de cargas, no Brasil, é predominantementeRODOVIáRIO. A legislação propõe mudar essa realidade.
A Lei 10.233, de 2001, por exemplo, ao disciplinar o Sistema Federal de Viação, estabelece, como diretriz geral do gerenciamento da infraestrutura e da operação dos transportes aquaviários e terrestres, “aproveitar as vantagens comparativas dos diferentes meios de transporte, promovendo sua integração física e a conjugação de suas operações, para a movimentação intermodal mais econômica e segura de pessoas e bens” (art. 12, II).
A Lei 14.273, de 2021, por sua vez, determina a “expansão da malha ferroviária, modernização e atualização dos sistemas e otimização da infraestrutura ferroviária” e o “estímulo à ampliação do mercado ferroviário na matriz de transporte de cargas e de passageiros” (art. 5º, II e VII).
A União, a quem compete “elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social” (CF, art. 21, IX), tem procurado implementar esses e outros comandos legais sobre o tema. OPlano Nacional de Logística 2035(PNL) consolida informações sobre os esforços para a organização e execução de um planejamento integrado da matriz de transportes do país.
Apesar de muito já ter sido feito pelo Executivo, ainda há longo caminho a ser percorrido, como o próprio PNL 2035 reconhece ao apontar “desbalanceamento da matriz”; “altos custos de transporte”, e “cultura de planejamento que prioriza o modo de transporte, e não as características e necessidades da demanda” (p. 19). Não à toa, foi instituído, em 2024, o Planejamento Integrado de Transportes, no âmbito do qual está sendo desenvolvido o PNL 2050, mediante “uma visão territorial integrada e dinâmica”.
Calcado no diagnóstico de que o setor de transporte de cargas padeceria de problemas de informação, planejamento e regulamentação (acórdão 2000, de 2024), o TCU anunciou a criação de ferramenta própria para simular uma rede de transporte ideal de cargas do Brasil (Projeto Simulações). A ideia, em princípio, parece envolver a criação de um “critério de auditoria” que permita analisar os efeitos gerados por políticas públicas e planos logísticos ao longo dos anos.
Dentre as diretrizes do projeto anunciado pelo TCU estão a promoção de simulações, tendo como variável de alocação o “menor custo efetivo de transporte, sob o ponto de vista da carga”; “acesso pleno de cargas à malha logística, sem limitações de capacidade”; “ocupação da rede por cargas em função do menor custo de transporte, considerando-se a multimodalidade na formação de tais custos”.
É positivo que o TCU esteja interessado em aprimorar políticas e instituições. Mas a projeção de “cenários ideais de transporte de cargas” pelo controle, com o objetivo de criar “critério de auditoria”, parece embutir o risco de o tribunal, na prática, acabar, mesmo que involuntariamente, ditando os rumos do setor. Nesses termos, é possível que o Projeto Simulações, visando turbinar o planejamento nos transportes, paradoxalmente acabe esvaziando o mandato dos sujeitos com competência específica para realizá-lo.
Os preços dos fretes voltaram a subir no Brasil nas últimas semanas e este tende a continuar sendo o movimento para a conclusão de abril e para maio, como explicou o pesquisador da ESALQ-LOG, Fernando Bastiani, em entrevista ao Bom Dia Agronegócio desta terça-feira (15). O movimento refletiu um avanço no ritmo da comercialização da soja, entre outros fatores, em especial nos últimos dias.
“E temos também agora a retomada da negociação entre as tradings e as ferrovias. Então, abril e maio devem ser meses bastante intensos na movimentação do volume ferroviário, principalmente para a soja. Então, estes dois fatores em conjunto, nos últimos 15 dias, já vem refletindo em um aumento dos fretes”, detalha Bastiani.
Como exemplo, a rota Sorriso-Itaituba – do Mato Grosso ao Arco Norte – já regiatra um aumento dos valores de R$ 20,00 a R$ 25,00 por tonelada transportada na última quinzena, chegando a R$ 285,00/t.
“Apesar dos preços terem subido, eles ainda não estão nos mesmos patamares de fevereiro, do começo da safra. Mas, a expectativa é de que com essa retomada da comercialização e também com a chegada da safrinha, no final de junho, começo de julho, é de que os preços voltem a se aquecer para mais próximos dos preços da primeira safra. Porém, ao contrário da soja, a expectativa para a safrinha até o momento é de que teremos um aumento de produtividade em relação ao ano passado, mas ainda assim será uma safra inferior a 2023/24. Então, nossas projeções é de que esse pico na segunda safra seja inferior ao da primeira safra”, avalia o pesquisador.
Uma redução observada também nos preços do óleo diesel deve contribuir para uma menor pressão de alta sobre os preços dos fretes no segundo semestre.
Tem novo projeto de mobilidade à vista em Cariacica! Mal encerrou a obra na avenida Expedito Garcia, o prefeito, Euclério Sampaio, anunciou o projeto para um novo viaduto, agora no Trevo de Alto Lage. O empreendimento está em fase de projeto e o objetivo é auxiliar no desenvolvimento da mobilidade urbana local. E se tem a ver com mobilidade, tem a ver com o Transcares. Na quinta-feira, 10 de abril, o superintendente, Mario Natali, e o gerente, Gustavo De Muner, participaram de agenda institucional com gestores da Prefeitura de Cariacica e a pauta girou em torno deste mais recente projeto de infraestrutura.
Como representantes do segmento do transporte rodoviário de cargas e logística, Natali e De Muner foram apresentados ao projeto e tiveram a oportunidade de se posicionar a respeito da necessidade dele atender alguns critérios que não restrinjam ou prejudiquem a movimentação de cargas naquela região.
“Fomos apresentados ao projeto e tivemos a oportunidade de nos posicionar a respeito da necessidade dele atender alguns critérios que não restrinjam ou prejudiquem a movimentação de cargas naquela região. E foi mais uma oportunidade riquíssima de compartilhamento de informações com a gestão da prefeitura”, ressaltou Gustavo De Muner.
O projeto prevê parceria com o governo do Estado, segundo a Prefeitura de Cariacica. Até o momento, ele conta com dois viadutos e um mergulhão, em área aproximada de 780 metros. A construção contemplará reforço na drenagem, recapeamento, ciclovia e sinalização vertical e horizontal.
A proposta é que o novo viaduto seja semelhante ao da avenida Mário Gurgel, extinguindo os semáforos da via e garantindo maior mobilidade nos dois sentidos, tanto para quem trafega de Itaquari e Alto Lage sentido Campo Grande, bem como para os motoristas que fazem o caminho inverso, sentido Vitória. Estima-se que, diariamente, trafeguem na região cerca de 100 mil veículos (trecho da avenida Mário Gurgel) e mais 20 mil veículos que acessam o trecho sentido Campo Grande.
Fonte: Assessoria de Comunicação Transcares e Prefeitura Municipal de Cariacica
A vida é feita de oportunidades, defende um ditado popular. Que o diga a Ellos Corretora de Seguros! A empresa está de volta ao time de sócios-mantenedores do Transcares após um período ausente. E o retorno foi feito em grande estilo, apostando numa parceria diferenciada e que está intimamente ligada à operação do segmento. Como representante da Ticket Log, que oferece cartão para Gestão de Abastecimento de Frotas. Esse é o “braço logístico” da Ticket, empresa que também possui os cartões Alimentação e Refeição entre seus produtos.
Na opinião do sócio-diretor da Ellos, Vinícus Leão, essa novidade na cartela de serviços da empresa não apenas prova a capilaridade da Ticket no seu segmento de atuação como vai ao encontro de um dos maiores desafios das transportadoras.
“Sabemos que o custo do diesel é um dos maiores na operação rodoviária e logística, e aí nós entramos! Por meio do Ticket Log, vamos brigar por melhores preços, rankiar melhores motoristas no quesito condução econômica, mapear rotas. Ou seja, vamos facilitar a operação ao tirar do empresário a demanda com essa gestão”, argumenta ele, lembrando que para além deste produto, fruto de parceria com a Ticket, a Ellos oferece um leque de serviços corporativos: plano de saúde e odontológico; seguro de vida em grupo e patrimonial; fundos de investimentos e de veículos; e consórcio, dentre outros.
Para os clientes Ticket Log, o executivo garante manutenção de frota em todo o Brasil, uma vez que a rede credenciada está espalhada pelo território nacional, e nesse retorno ao Transcares tem, ainda, uma condição diferenciada para as transportadoras associadas: seis meses de isenção do custo do tag para vale-pedágio.
Vinicius Leão participou do primeiro Almoço Executivo do Transcares do ano, em março, apresentou o novo serviço chancelado pelo Ellos Corretora e se diz animado com as novas possibilidades de negócios. Segundo ele, o produto, que une tecnologia e economia, pode até ser o “carro-chefe” do mix de produtos para ser apresentado às empresas, mas não é o único.
“Posso garantir que para além do Ticket Log temos uma série de outras soluções, igualmente tecnológicas e inovadoras, que tendem a fortalecer ainda mais a atividade transportadora. Já demos início a uma forte agenda de visitas e as expectativas são as melhores possíveis!”
“É um movimento irreversível.” É dessa forma que Maurício Lima, sócio-diretor do ILOS, consultoria especializada em logística e supply chain, define a dificuldade de atrair jovens atualmente para trabalhar como motoristas de caminhão no Brasil. Em 2024, a quantidade de condutores com até 30 anos de idade ficou em 4,11%, frente aos 11,05% com mais de 70 anos. Para Lima, esse cenário não é novidade, pois o setor sabe há décadas que será cada vez mais complicado renovar esses profissionais, ainda mais no modelo brasileiro de contratação de autônomos.
Embora a situação seja desafiadora, Maurício acredita que há formas de driblar alguns fatores para não faltar motoristas no país. Conforme a pesquisa da NTC&Logística, realizada em janeiro deste ano, 93% dos empresários do ramo entrevistados apresentam dificuldade para contratar novos motoristas. Desses, 35% confessaram ter muita dificuldade.
Pesquisa do ILOS identificou que, na última década – de 2014 a 2024 –, o Brasil viu a quantidade de motoristas cair 20%. Em 2014, existiam 5,5 milhões de condutores de caminhão no País. Já em 2024, apenas 4,4 milhões continuam em atividade. Segundo Lima, quem é motorista não larga a profissão, portanto o grande problema não é a saída dessas pessoas para outros setores, mas sim atração de novos talentos.
Idade por quantidade de motoristas de caminhão 2024
Gráfico: Mobilidade Estadão – Fonte: ILOSObter dados – Criado com Datawrapper
O fim dos motoristas de caminhão autônomos?
No Brasil, a presença de motoristas de caminhão autônomos dominou o mercado desde o início das atividades no país. Conforme Maurício, o perfil desses motoristas que iniciaram há 20 anos convergiu para a descentralização do transporteRODOVIáRIO. Isso porque, modo geral, os homens perdiam seus empregos na indústria, sacavam o fundo de garantia e investiam em um caminhão.
Com o tempo, alguns enriqueciam e criavam suas próprias empresas. Entretanto, esse cenário deixou de existir. “Esse investimento era muito grande, mas era factível. Hoje em dia, o fundo de garantia não é tão bom, e o caminhão ficou muito mais caro”, explica o sócio-diretor do ILOS.
Além disso, Lima explica que esses motoristas que iniciaram há algumas décadas tinham menos visão empresarial. Ou seja, não contabilizavam se os valores recebidos eram compatíveis com os investimentos realizados. Como resultado pela baixa remuneração, a frota dos autônomos foi envelhecendo, sem possibilidade de um novo investimento.
Enquanto ainda era possível comprar novos caminhões e trazer familiares para o ramo, esses motoristas o fizeram. Mas, com as sucessivas crises, eles reduziram a frota e voltaram a trabalhar de forma autônoma.
De acordo com pesquisa do ILOS, a média de caminhões por autônomo, atualmente, é de um veículo. Enquanto isso, as empresas apresentam uma média de 4,2 caminhões. Enquanto a idade da frota dos autônomos é de 22,8 anos, a das empresas é de 9,5. De modo geral, no Brasil, a média é de 14,6 anos.
Portanto, Maurício acredita que o modelo de contratação dos motoristas de caminhão deve mudar.
Empresas de transporte devem virar a chave
Apesar da quantidade de transportadoras ser considerada grande no Brasil, em torno de 201 mil, elas ainda dependem dos motoristas autônomos. “O que está acontecendo de uma forma lenta, mas constante, é que cada vez mais as empresas não têm tanta oferta de autônomo, aí elas têm que ir para um modelo diferente”, explica Lima.
Por isso, as empresas passaram a investir na frota e profissionalização desses profissionais. Enquanto a produtividade ficava em segundo plano quando os autônomos estavam em movimento crescente, agora ela passa a ser fator principal. Por se tratar de empresas, o rendimento é indispensável. Portanto, essa dinâmica de trabalho deve mudar.
“Quando a empresa faz investimento no ativo, essa cobrança por produtividade é muito maior e, com isso, você tende a ter também um aumento do valor de frete”, diz Lima. Porém, o valor dos salários é pouco atrativo. “Não pelo valor absoluto dela, mas também por essa questão de uma jornada diferente”, explica o diretor.
Hoje em dia, ele entende que a questão da segurança e a distância da família tornam a profissão ainda menos interessante para os jovens. Para não sofrer com a falta de mão de obra, as empresas têm apostado em outros públicos, como as mulheres, conta Lima.
Além disso, ele enxerga que há um movimento de contratar pessoas sem experiência e treiná-las, e utilizar o Sistema S, como Senai, Sesc, entre outras. Somada a isso, ele acredita que a dinâmica vai se aproximar da dos motoristas de ônibus. Quanto enfrentam longas distâncias, há uma troca de profissionais para encarar toda a viagem.
Caminhões autônomos vão tirar empregos?
“Possivelmente a gente vai ter caminhão autônomo, mas antes de ter o caminhão autônomo, a gente vai ter um problema de escassez de motorista”, opina Lima. Para ele, o cenário de caminhões sem condutores é uma realidade mais distante para o Brasil. Isso pela falta de infraestrutura adequada, que também acaba por afastar novos motoristas, que não enxergam a ocupação como algo seguro e rentável.
Em países mais desenvolvidos, Maurício pontua que as distâncias costumam ser menores, já que os longos trajetos são feitos pelo transporte ferroviário. No Brasil, esse modal tem pouco investimento e participação no setor de transportes.
Para Maurício, o crescimento tanto do transporte ferroviário como do hidroviário seria bastante positivo para o setor rodoviário. Em distâncias menores, há menos desgaste físico, menos incertezas, o que permite que os motoristas voltem para casa semanalmente. Além de oferecer qualidade de vida, reduz emissões de poluentes, outra pauta importante para o setor.
Tem circulado a informação de que, a partir de 24 de abril de 2025, a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT exigirá do transportador estar em dia junto ao RNTRC (Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas) para o recebimento do Vale-Pedágio Obrigatório (VPO) junto às Fornecedoras de Vale-Pedágio Obrigatório (FVPO) homologadas.
Importante destacar que essa exigência não é uma novidade, já que a Lei nº 11.442, de 5 de janeiro de 2007, que dispõe sobre o transporteRODOVIáRIOde cargas por conta de terceiros e mediante remuneração, estabelece que o exercício da atividade depende de prévia inscrição no RNTRC da ANTT.
O prazo acima concedido teve como objetivo permitir que as FVPO ajustassem seus sistemas e alinhamentos operacionais junto aos seus clientes, transportadores ou embarcadores, de modo a garantir a conformidade com a nova Resolução nº 6.024/2023, que regulamenta a comprovação antecipada do Vale-Pedágio Obrigatório.
Em face dessa adequação, cabe às empresas transportadoras alinhar seus sistemas ao novo layout do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-e), previsto no Manual de Orientação ao Contribuinte – MOC.
Portanto, a partir de 24/04/2025:
§ Será exigido que o Vale-Pedágio esteja comprovadamente antecipado por meio de TAG homologada, conforme prevê a Resolução 6.024/2023;
§ Transportadores com RNTRC vencido ou irregular estarão sujeitos a penalidades e impedimentos nas operações;
§ Embarcadores e contratantes devem assegurar o cumprimento das obrigações legais, sob risco de autuações.
A NTC&Logística reforça seu compromisso com o transporte de cargas e conta com a colaboração de todos os envolvidos na cadeia logística para garantir o cumprimento das normas e o fortalecimento do setor.
O Projeto de Lei 4852/24 desobriga caminhões com grande capacidade de carga de estarem equipados com tacógrafo, dispositivo que registra, de forma inalterável e instantânea, a velocidade e a distância percorrida pelo veículo. A Câmara dos Deputados analisa a proposta.
Na prática, o texto permite que caminhões com peso bruto total acima de 4.536 kg e capacidade de carga superior a 19 toneladas circulem sem tacógrafo sem que isso configure infração de trânsito.
Como é hoje
Atualmente, o Código de Trânsito Brasileiro exige o uso do equipamento em veículos de transporte escolar, de passageiros com mais de dez lugares e em veículos de carga com peso bruto total acima de 4.536 quilos. O descumprimento da medida é uma infração grave, sujeitando o motorista a multa e retenção do veículo para regularização.
Penas desproporcionais
Autor do projeto, o deputado Lucio Mosquini (MDB-RO) afirma que o objetivo principal é evitar “penalizações excessivas e desproporcionais para veículos de carga que desempenham papel crucial no transporte da produção nacional”.
Ele ressalta que esses veículos são responsáveis pelo escoamento de mercadorias essenciais para a economia do país, incluindo produtos agrícolas, industriais e bens de consumo. “A aplicação indistinta das penalidades pode comprometer a eficiência logística e aumentar os custos operacionais, com reflexos diretos nos preços ao consumidor final”, alerta o deputado.
Velocidade e horas de direção
Além de registrar a distância percorrida e a velocidade, o tacógrafo registra também a quantidade de horas que o motorista trabalhou. Além disso, o tempo nas paradas e nos intervalos e a velocidade média durante o trajeto.
O equipamento tem como função principal aumentar a segurança no trânsito.
Próximas etapas
A proposta será analisada, em caráter conclusivo, pelas Comissões de Viação e Transportes, e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Para virar lei, é preciso a aprovação do texto na Câmara e no Senado.
Os negócios avançam mesmo com a falta de um planejamento que leve em conta características geográficas e produtivas do país
Os gastos com transporte de carga no Brasil mantêm um ritmo de expansão em patamares históricos, mesmo diante de um cenário de custos logísticos altos, taxas de juros elevadas e infraestrutura rodoviária deficitária. Em 2023, o dispêndio com transporteRODOVIáRIOaumentou 4,2%, chegando a R$ 883 bilhões, impulsionado principalmente pelo aumento na demanda do agronegócio. No ano passado, segundo projeções de especialistas, as despesas superaram R$ 940 bilhões, com alta de quase 7% em relação a 2023. Nem mesmo a acentuada queda da safra de grãos do ano passado atrapalhou os bons resultados das empresas do setor, cujas receitas obtidas com transporte e armazenagem de mercadorias somaram R$ 830 bilhões.
“Outros segmentos da economia, como varejo, e-commerce e indústria, fecharam o ano com melhores índices”, avalia Maurício Lima, sócio-diretor do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). “Pelo lado da oferta de transportes, o Brasil deu sinais positivos com o aumento no licenciamento de caminhões, que chegou a 120 mil novos veículos adquiridos no ano passado”, diz.
Para Tayguara Helou, diretor do grupo Braspress, uma das maiores transportadoras do país, que atua com 117 filiais e uma frota de mais de 3,3 mil veículos, o cenário, neste ano, não deve se alterar muito. “O setor de transporte passa por inúmeros desafios, pois a ausência de um planejamento logístico voltado para as características geográficas e produtivas do Brasil impõe dificuldades, alta de custos, grande concorrência e pouca fiscalização”, diz ele. Mas a empresa segue a trilha do crescimento, indica Helou. No ano passado, investiu cerca de R$ 120 milhões em infraestrutura, incluindo a compra de 235 novos veículos e 90 carretas. A distribuição estratégica desses veículos, segundo a empresa, contribuirá para fortalecer sua capacidade logística em todo o país.
O grupo Braspress segue a trilha do crescimento. No ano passado, investiu cerca de R$ 120 milhões em infraestrutura, incluindo a compra de 235 novos veículos e 90 carretas, diz o diretor Tayguara Helou — Foto: Divulgação/ Braspress
A gestão eficaz dos custos operacionais envolvidos na operação de transporte de cargas é a melhor forma de alavancar bons resultados, aponta Daniela Medioli, vice-presidente do grupo Sada, um dos maiores conglomerados de logística e transporte de veículos zero-quilômetro da América Latina. “No ano passado, fomos muito pressionados pelos aumentos nos preços dos combustíveis, pedágios e variação cambial. Mesmo assim, conseguimos atingir um resultado positivo: percorremos 595 milhões de quilômetros e movimentamos 2,6 milhões de veículos – um crescimento de 8,5% em relação a 2023 e próximo do que foi o aumento da produção automotiva no país, 9,7% em 2024”, relata.
A evolução se deu de maneira bastante alinhada com os objetivos dos clientes e das novas marcas de automóveis que estão chegando ao mercado, conta Medioli. “Continuamos com um ciclo de investimento no polo automotivo de Goiana (PE), concluímos a renovação do nosso pátio em Camaçari (BA) e estamos trabalhando na unificação de operação de duas bases em São Bernardo do Campo (SP) e em melhorias na filial de Igarapé (MG), onde está situado o maior centro de distribuição de veículos no país”, diz.
A gestão eficaz dos custos operacionais envolvidos na operação de transporte de cargas é a melhor forma de alavancar bons resultados, aponta Daniela Medioli, vice-presidente do grupo Sada — Foto: Fernando Lutterbach/Divulgação
Na vertical de negócios de transporte de carga geral, a Sada deu início às operações de transporte de grãos para exportação, com capacidade instalada de 7,2 mil toneladas/mês. “É um mercado bastante competitivo, mas com boas oportunidades de crescimento e desenvolvimento, já que o Brasil ocupa a liderança mundial na produção e exportação de café”, afirma. Para dar sustentação à expansão nesse nicho de carga geral, a companhia deve investir, em 2025, cerca de R$ 40 milhões, principalmente na aquisição de caminhões e carretas.
De maneira geral, os empresários do transporte rodoviário de carga seguem otimistas em 2025, impulsionados pela previsão de uma safra recorde no agronegócio. “Projetamos um aumento moderado em nossas receitas e temos boas perspectivas de crescimento neste ano, com investimentos estratégicos em tecnologia, armazenamento e transporte”, confia Danilo Guedes, presidente da ABC Cargas, sediada em São Bernardo do Campo. “O ano de 2024 foi de muitas conquistas, tivemos um crescimento de 20% em faturamento, e nosso plano é dobrar de tamanho até 2028”, informa Eduardo Ghelere, CEO da Ghelere Transportes, especializada no transporte de bebidas e manufaturados, com matriz em Cascavel (PR), que aposta, igualmente, em um ritmo positivo de expansão no setor do agronegócio, com as perspectivas de boas safras. “Investimos cerca de R$ 120 milhões na modernização de nossa frota de veículos para conquistar novos clientes”, diz Ghelere.
Com 71 anos de história, a Movecta (ex-Localfrio) reforça a oferta de soluções personalizadas no setor do agronegócio. “Somos um dos maiores atores na oferta de soluções refrigeradas alfandegadas no porto de Santos (SP) e soluções desenhadas sob medida para algodão e equipamentos agrícolas”, contaRodrigo Casado, CEO da Movecta. Outro exemplo, segundo ele, é a operação de montagem de tratores dentro da companhia, ajudando os clientes a reduzir em até 30% as despesas com montagem e tempo de entrega de maquinário. “Este ano, estão previstos mais de R$ 60 milhões na atualização de sistemas, equipamentos de movimentação de cargas e expansão da nossa capacidade de armazenagem”, diz Casado.
Com a sua matriz localizada no polo petroquímico de Paulínia (SP), a TransJordano, que atua em diversas frentes de negócios, com cerca de 1,1 mil colaboradores, investiu, no último ano, cerca de R$ 85 milhões na renovação de sua frota de veículos, com a aquisição de 125 novos caminhões. A empresa acredita que a tecnologia será fator fundamental para acelerar o crescimento ao longo de 2025. “Não apenas aumentando nossa capacidade de expansão, mas também aprimorando nossa abordagem para mitigar os riscos no transporte, especialmente de produtos perigosos”, comenta Joyce Bessa, diretora de Estratégia e Gestão da TransJordano.
Um dos focos do programa de investimentos, segundo Bessa, é o desenvolvimento de novas soluções para melhorar a qualidade de vida dos motoristas. A empresa está oferecendo mais treinamento aos novos colaboradores, quer aumentar a presença feminina no setor de transportes, além de procurar reduzir o consumo de combustíveis e as emissões de poluentes. “Buscamos maximizar a eficiência logística, aperfeiçoando a carga dos veículos e escolhendo rotas mais estratégicas, o que reduz deslocamentos desnecessários e o impacto ambiental”, destaca.
Sancionada na última sexta-feira (11), a Lei da Reciprocidade Comercial entrou em vigor nesta segunda-feira (14) após ser publicada no Diário Oficial da União.
A legislação autoriza o governo brasileiro a adotar medidas comerciais contra países e blocos que imponham barreiras unilaterais aos produtos do Brasil no mercado global. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto.
O texto foi aprovado pelo Congresso Nacional no início do mês e sancionado na semana passada, sem vetos, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Tarifaço
A nova lei é uma resposta à escalada da guerra comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a maioria dos países do mundo, mas que se intensificou nos últimos dias de forma mais específica contra a China.
No caso do Brasil, a tarifa imposta pelos EUA foi de 10% sobre todos os produtos exportados para o mercado norte-americano. A exceção nessa margem de tarifas são o aço e o alumínio, cuja sobretaxa imposta pelos norte-americanos foi de 25%, afetando de forma significativa empresas brasileiras, que constituem os terceiros maiores exportadores desses metais para os EUA.
Em discurso durante a 9ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em Honduras, na última quarta-feira (9), Lula voltou a criticar a adoção de tarifas comerciais.
No mesmo dia, ele também disse que usará todas as formas de negociação possíveis, incluindo abertura de processo na Organização Mundial do Comércio (OMC), para tentar reverter as tarifas, antes de adotar ações comerciais retaliatórias.
Nova Lei
A Lei da Reciprocidade Comercial estabelece critérios para respostas a ações, políticas ou práticas unilaterais de país ou bloco econômico que “impactem negativamente a competitividade internacional brasileira”.
A norma valerá para países ou blocos que “interfiram nas escolhas legítimas e soberanas do Brasil”.
No Artigo 3º do texto, por exemplo, fica autorizado o Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligado ao Executivo, a “adotar contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços”, prevendo ainda medidas de negociação entre as partes antes de qualquer decisão.
As vendas de seguro transporte no Brasil cresceram 6% em 2024, alcançando R$ 6,2 bilhões. O baixo nível de investimentos na economia, as mudanças regulatórias e as elevadas perdas causadas por sinistros relacionados a eventos climáticos explicam o desempenho inferior ao crescimento de dois dígitos observado nos últimos três anos. Ainda assim, especialistas mantêm um cenário otimista para 2025, com projeções novamente na faixa de dois dígitos.
“Investimentos em infraestrutura e logística, impulsionados pelo governo através de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e concessões, devem melhorar significativamente a malha logística, aumentando o volume de cargas transportadas. A modernização das rodovias, portos e ferrovias tende a elevar a eficiência, reduzir riscos e, consequentemente, impulsionar a demanda por seguros de carga. A expansão industrial, especialmente no segmento de máquinas e insumos, estimula a busca por coberturas de seguros mais completas”, afirma Marcos Siqueira, diretor de transportes e equipamentos do grupo HDI.
Felipe Smith, diretor-executivo de produtos pessoa jurídica da Tokio Marine, segunda maior do segmento, acrescenta que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou previsão de aprovar até R$ 30 bilhões em financiamento para concessões rodoviárias em 2025. “Esse valor não apenas supera o ano passado como também reflete o potencial de crescimento desse setor no país.”
Adailton Dias, vice-presidente da Comissão de Transportes da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), destaca o aumento do comércio internacional e do e-commerce como importantes impulsionadores do mercado: “Esses fatores vão movimentar mais cargas, gerando oportunidades para o seguro”.
Apesar de algumas regulamentações apresentarem desafios, especialmente no seguro de responsabilidade civil (RC) do transportador, elas também diversificam a demanda. A Lei nº 14.599/2023, publicada em 2023, tornou obrigatório o seguro de RC para transportadores de carga, mas só foi regulamentada em setembro de 2024, consolidando em uma única norma os seguros de RC dos transportadores de carga dos diferentes modais existentes. Ela também estabeleceu a obrigatoriedade da contratação do seguro por desaparecimento de carga. “Em parceria com a CNseg [Confederação Nacional das Seguradoras], estamos criando um banco de dados que permitirá à Secretaria da Fazenda monitorar as apólices de seguros obrigatórios de RC, agora obrigatórias, e com isso estimamos um aumento de até 30% nas contratações de seguros de RC”, explica Dias.
Segundo Smith, apesar do cenário desafiador, que deve persistir ainda neste ano, há uma demanda crescente pelo seguro transporte, especialmente considerando a entrada da nova legislação, que cria oportunidades. Siqueira, da HDI, faz coro. “Essa obrigatoriedade garante que os segurados contratem os seguros necessários, protegendo as mercadorias contra acidentes e roubos, assegurando a continuidade da cadeia de abastecimento e evitando a falta de produtos.”
Além dos desafios econômicos e regulatórios, os eventos climáticos extremos vêm impactando significativamente o setor. “Os recentes episódios de incêndios e enchentes, especialmente no Rio Grande do Sul, causaram grandes perdas às seguradoras. Isso criou um ambiente mais restritivo para grandes transportadores e embarcadores, com relatos de clientes enfrentando aumentos expressivos de preços, chegando a até sete vezes mais que o valor pago no ano anterior, acompanhados por restrições na aceitação de riscos”, informa Roberto Schimith, CEO da Insert, corretora especializada que atendeu mais de 800 clientes e intermediou indenizações superiores a R$ 28 milhões em 2024.
A Sompo, líder no segmento com 17% de market share, reforça que o segredo da sustentabilidade no longo prazo é investir em prevenção e gerenciamento de riscos por meio de inteligência artificial (IA). “Tecnologias que identificam padrões de risco, previnem sinistros e ajustam preços com precisão são fundamentais. Isso reduz significativamente os riscos e a sinistralidade, tornando o seguro mais eficiente”, diz Tatiana Pinheiro Kusaba, superintendente de transporte da Sompo, que monitorou cerca de 230 mil viagens e cargas no valor de R$ 132 bilhões em 2024. No ano passado, a companhia emitiu mais de R$ 1,05 bilhão em prêmios de seguro de transporte, alta de 5,83% em relação a 2023.
Os corretores afirmam que a tecnologia é a grande aposta do setor. “Investimentos em segurança e prevenção tornam o seguro mais atrativo. Com o Proteção 360 Alper Cargo, reduzimos roubos em até 50% e acidentes em 20% para nossos clientes”, conta Denis Teixeira, sênior vice-presidente de transportes e logística da Alper Seguros. Diego Zanini, diretor comercial da Wiz Corporate, acrescenta que a análise preditiva e o monitoramento com câmeras e IA são essenciais para antecipar e prevenir riscos em tempo real. Não só do seguro transporte, mas também de outros seguros importantes para os operadores logísticos. “Eles também demandam seguro garantia, patrimonial, máquinas e equipamentos, entre outros.”
A AEC – Associação de Empresários de Cariacica reuniu seus mantenedores nesta quinta-feira, 10 de abril, para um encontro executivo, no início da tarde, no Salão de Eventos do Transcares. Mais do que um almoço, foi uma oportunidade de reforçar conexões e ampliar o networking, e o dia de apresentar o Planejamento 2025 da AEC, com ações estratégicas voltadas para o desenvolvimento do ambiente de negócios e o fortalecimento das empresas associadas. Mantenedor da AEC, o Transcares se fez presente, representado pelo presidente, Luiz Alberto Teixeira, pelo superintendente, Mario Natali, e pelo gerente, Gustavo De Muner.
Transcares e AEC têm uma relação diferenciada e próxima desde a fundação da associação, em 2009. O escritório da associação funciona na sede do Transcares e esse detalhe na história das entidades foi destacado por Teixeira em sua fala de boas-vindas, na abertura do almoço. Além de saudar os demais convidados, o dirigente fez questão de ressaltar o relacionamento, a troca de ideias e o fortalecimento do nosso associativismo empresarial propiciados pela entidade.
“Transcares e AEC seguem um mesmo caminho. E juntos aos demais mantenedores, que assim como nós acreditam na força do coletivo, seguimos trabalhando, articulando, construindo conexões para uma atuação cada vez mais representativa, moderna e conectada às necessidades dos setores produtivos”.
Na última sexta-feira (04), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) finalizou a terceira etapa da operação Descanso Legal, que fiscalizou o tempo de repouso dos motoristas do TransporteRODOVIáRIOde Cargas (TRC). A ação atuou em pontos estratégicos das rodovias federais, checando, por meio do cronotacógrafo, o tempo de condução dos operadores e o cumprimento do descanso estabelecido pela legislação, que é de 11 horas ininterruptas a cada 24 horas.
O projeto, que teve início em janeiro deste ano, tem ocorrido mensalmente e gerado discussões dentro do setor. Silvio Kasnodzei, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (SETCEPAR), afirma que o TRC é favorável à fiscalização, pois traz mais segurança a todos que trafegam nas rodovias, porém a questão que preocupa a entidade diz respeito à elaboração da lei na qual a fiscalização se baseia.
Segundo o dirigente, primeiramente, é necessário que os motoristas tenham estrutura nas rodovias para que eles consigam fazer o descanso adequado, com Pontos de Parada e Descanso (PPD) adequados ao longo do trajeto. “É difícil enxergar outras pessoas em atividades diferentes que possuam 11 horas de descanso ininterrupto. Além disso, não podemos obrigá-los a ficar parados em situações como calor extremo ou em locais de descanso precário, pois isso também pode prejudicar a sua saúde física e mental”, destaca.
A recente medida tem gerado impactos econômicos significativos ao setor de transporte, que encontra dificuldade em repassar os custos adicionais ao valor do frete. Os obstáculos afetam todo o território nacional, por isso sindicatos e federações do setor trabalham para encontrar alternativas legais que viabilizem o cumprimento das normas, sem comprometer um setor considerado essencial para a economia do país.
Em contrapartida, entidades do setor têm se manifestado favoráveis às 11 horas de descanso fracionadas, sendo 8 horas consecutivas de repouso e 3 horas a critério da necessidade de cada profissional. Todavia, em 2023, por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5322, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a prática inconstitucional.
Diante desse imbróglio, instituições como o SETCEPAR, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) e a NTC&Logística estão se movimentando para elaborar uma sugestão de projeto público para reverter este cenário. “As transportadoras já estão operando de acordo com a lei, porém, se o trajeto do motorista tiver previsão de término em 1 hora, ele deve ter o direito de escolha se quer concluir para ir para casa descansar em condições melhores, sem ser forçado coercitivamente”, finaliza.
Fonte: ASSESSORIA SETCEPAR (10/04/2025)
Banco de Imagens/Canva
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